Com a participação de mais de 200 pessoas, o Seminário foi realizado pelo CEAPG, em parceria com a Social Caixa e Rede Interação, em 25 de setembro de 2015. Ele teve o objetivo de fomentar o debate sobre trabalho social em programas de habitação e desenvolvimento urbano através da troca de experiências e visões entre os diferentes atores sociais envolvidos, contribuindo para o enriquecimento do conhecimento sobre o tema e para embasar processos de tomada de decisão política.
O evento foi estruturado em torno de três mesas redondas. A primeira delas, “Trajetória e Lugar do Trabalho Social”, foi moderada pelo Prof. Mario Aquino Alves, da FGV-EAESP. Ela contou com a participação da Secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, que apresentou um panorama dos programas de habitação sob gestão do Ministério das Cidades. Foram também enumerados os principais desafios encontrados pelo Trabalho Social nesses programas, entre eles, adequar-se aos “tempos da política”, constituir-se em atividade realmente multidisciplinar e estabelecer a governança dos territórios, garantindo sua sustentabilidade após sua atuação — a questão do “pós-pós”.
Celia Bagatini, gerente da GEHPA, apresentou um histórico do Trabalho Social em habitação, desde as primeiras iniciativas de categorias profissionais, passando pelo extinto BNH e chegando aos dias atuais. A exposição também destacou as mudanças sociais e urbanísticas ao longo do tempo, e os desafios impostos por essas mudanças. Entre essas mudanças, destacam-se a informalização das relações de trabalho, a influência das novas tecnologias e novas formas de mobilização — que implicam em novas formas de comunidade — e os novos modelos de arranjo familiar.
Rosângela Paz, professora da PUC, discorreu sobre o lugar do Trabalho Social na política de habitação. Em sua fala, foi destacada a confusão entre Trabalho Social e Serviço Social, que não devem ser confundidos: enquanto este é uma profissão, aquele constitui-se em uma atuação — que conta, em sua natureza multidisciplinar, com a participação do serviço social, mas não se restringe a ele.
Na sequência, o convidado internacional, Francesco di Villarosa, deu uma palestra sobre experiências inovadoras em Trabalho Social. O palestrante citou importantes inovações da Portaria 21, que passou a considerar o desenvolvimento socioterritorial, ampliando o recorte da poligonal do empreendimento. Novidades metodológicas também foram expostas, como o MRP — mapeamento rápido participativo –, metodologia que conta com a participação dos beneficiários na construção de um mapa do território.
A segunda mesa, “Experiências em Trabalho Social”, foi mediada pelo Prof. Fernando Burgos, da FGV, e teve a participação de Evaniza Rodrigues (UNMP — União Nacional por Moradia Popular), André Franco e Alexsandro Morais (ONG Rede Interação), Tássia Regino (Prefeitura de São Bernardo do Campo) e Edna Claudino ( Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de Pernambuco).
André Franco, da Rede Interação, apresentou sua metodologia para mobilização social, que envolve, principalmente, a poupança comunitária, o autorrecenseamento e o intercâmbio de experiências. Alexsandro, morador de uma comunidade em Osasco, ilustrou como se deu essa estratégia de mobilização em seu bairro e as transformações observadas.
Evaniza Rodrigues apresentou experiências exitosas de mobilização na modalidade Entidades do Programa Minha Casa Minha Vida, em que a participação e o envolvimento da comunidade deu-se desde a concepção do projeto até o pós-obras, garantindo o estabelecimento de uma governança do território e, portanto, de sua sustentabilidade.
Encerrando essa mesa, Tássia Regino e Edna Claudino, representando o poder público, expuseram casos em que os governos foram capazes de promover intervenções bem sucedidas para a mobilização das famílias e para a (re)apropriação dos territórios.
Na última mesa do seminário, foram discutidos os “Desafios e Perspectivas do Trabalho Social”. Os debatedores foram a Profª Rosana Denaldi (UFABC), Anaclaudia Rossbach (Aliança das Cidades) e Giuliano Silva, presidente da Social Caixa, com mediação de Fernanda Lima (doutoranda da FGV).
Rosana Denaldi fez considerações sobre as exposições feitas até então, cotejando com sua experiência na gestão municipal, reconhecendo os desafios decorrentes do aumento das responsabilidades dos municípios, sem que estes, em muitos casos, estejam adequadamente estruturados para absorvê-las.
Giuliano, da Social Caixa, apresentou um diagnóstico obtido a partir de uma pesquisa com os APS/TS da Caixa. Também apontou as questões de discricionariedade e accountability envolvidos no trabalho dos empregados da Caixa que desenvolvem o Trabalho Social.
Por fim, Anaclaudia Rossbach apresentou uma síntese das exposições feitas no seminário, tentando delinear os desafios e possibilidades para o Trabalho Social nos próximos anos. A despeito da crise, ela identificou a oportunidade de consolidação do TS.
Para acessar as apresentações, clique nos links abaixo:
- André Franco - Rede Interação
- Evaniza Rodrigues - União Nacional por Moradia Popular
- Giuliano Silva - Social Caixa
- Inês Magalhães - Ministério das Cidades
- Tassia Regino - São Bernardo do Campo